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Curadoria de Viagens: 48 Horas em Kyoto

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Para os viajantes que querem conhecer o Japão além das luzes hipnotizantes de Tóquio, Kyoto é um destino perfeito. A antiga capital tem um ritmo e uma beleza completamente diferentes. Eu tive pouco tempo em Kyoto, então tentei encaixar o máximo de coisas possível!

 

Cerejeiras em flor em Kyoto

Quando ir:

Kyoto é muito conhecida pelas cerejeiras, que florecem todo ano no final de Março ou início de Abril. A cidade se transforma com as flores rosas e brancas! Justamente por isso, essa é a melhor época do ano para visitar. Mas as cerejeiras são muito delicadas, e caem facilmente com o vento ou a chuva, o que faz com que a temporada de cerejeiras não dura muito—isso significa que serão muitos turistas visitando a cidade no espaço de poucas semanas. É importante reservar hotéis, visitas guiadas, e outras experiências com bastante antecedência.

 

Ida e volta:

É muito mais fácil chegar no Japão via Tóquio. Kyoto não tem o seu próprio aeroporto internacional, o mais próximo é o de Osaka. De Tóquio, são duas horas e meia até Kyoto via trem bala (Shinkansen). O Shinkansen em si já é uma experiência super bacana! Ele chega a 320 km por hora e é super confortável. Além disso, se o dia não estiver nublado, é possível ver o Monte Fuji pela janela. Dica: para ver o Monte Fuji, sente do lado direito do trem na ida para Kyoto ou no lado esquerdo na volta.

Não é lá muito barato, cada passagem (só ida ou só volta) custa ¥13,600, cerca de R$460. Dependendo da época do ano, é mais barato pegar um voo de Tóquio até Osaka, mas é bem mais inconveniente já que você teria que estar no aeroporto cedo, despachar malas, e de Osaka pegar um ônibus, táxi, ou trem até Kyoto.

 

Ryokan Motonago, uma pousada tradicional Japonesa em Kyoto

Onde ficar:

Uma das experiências típicas de Kyoto é a estadia em um Ryokan, uma pousada tradicional japonesa. O ryokan é exatamente o que te vem na cabeça quando se pensa no Japão: tatame, camas no chão, yukata, mesas baixas, refeições elaboradas, jardins japoneses, etc. Kyoto tem ryokans em todas as faixas de preço, então vale a pena pesquisar o que se encaixa melhor no seu orçamento. Alguns dos Ryokans mais baratos não são muito autênticos, então pesquise bem! Eu e meu marido ficamos no Ryokan Motonago, que fica no coração de Gion, o antigo distrito das gueixas.

Assim que entramos, a equipe nos recebeu incrivelmente bem. Nossa nakai-san nos cumprimentou, trocou nossos sapatos por pantufas, e nos guiou até o quarto, onde nos serviu um chá verde maravilhoso! Durante a estadia, vestimos os roupões de algodão (yukata) e as meias que estavam no quarto. Quando saímos para jantar, o quarto tinha apenas a mesinha baixa onde foi servido o chá. Quando voltamos, o quarto tinha sido completamente transformado! As duas camas (futon) estavam prontinhas, e a mesa estava de canto. Pedimos mais chá (porque não, né?!) e aproveitamos uma noite maravilhosa de primavera.

De manhã, usamos o banho comunitário (onsen) que tinhamos reservado na noite anterior. Tem todo um processo para usá-lo. Na ante-sala, você tira o seu roupão, meias, etc. Antes de entrar no banho, é preciso tomar uma ducha e ficar 100% limpinho. O banho em si é bem quente, mas uma delícia. Confesso que nós dois pegamos no sono de tão relaxante!

O café da manhã no estilo Japonês no Ryokan Motonago

Quando voltamos, o quarto tinha sido transformado de novo. Os futons tinham sido guardados, e a mesinha estava pronta para o café da manhã. Com uma pontualidade assustadora, a nossa nakai-san bateu na porta para servir o café da manhã estilo oriental: tofu, omelete, salmão, arroz, e alguns acompanhamentos. Foi uma experiência muito bacana! Uma das coisas que eu apreciei muito no Japão foi o tamanho reduzido das porções, que é complementado pela variedade de acompanhamentos. Moro nos EUA há vários anos, mas as porções enormes daqui ainda me assustam, rs!

Vale muito a pena investir em uma noite num Ryokan. Para quem vai passar duas noites em Kyoto, recomendo passar uma noite num Ryokan e outra num hotel normal. Esse guia descreve as diferentes partes da cidade e os prós e os contras de se hospedar em cada uma.

 

Onde Ir & O Que Fazer

Antes de compartilhar onde ir e o que fazer, vou compartilhar uma dica importante. Como qualquer outra cidade turística em época de pico, é importante lembrar que vai ter MUITA, MUITA gente. Nós sabíamos disso antes de ir, mas quando chegamos em Kyoto numa tarde de domingo, ficamos muito surpresos com a concentração de gente nas pequenas ruas de Gion. Não dava pra ver nada direito! Decidimos então acordar cedo para correr e ver os principais templos antes que eles lotassem de gente. Foi sem dúvida a melhor decisão! Saímos para correr às 6:30 da manhã e vimos todo o complexo Maruyama (mais detalhes abaixo). Era como se os templos e santuários estivessem abertos só pra nós! Recomendo muito acordar bem cedo para ver as principais atrações. Vale mais a pena acordar mais cedo e ir dormir cedo do que chegar nos templos e outros lugares e mal conseguir caminhar.

Templos & Santuários

É praticamente impossível caminhar por cinco minutos sem passar por pelo menos um templo ou santuário. Porque a distinção entre templos e santuários? Fácil: templos são lugares religiosos Budistas e santuários são lugares religiosos Xintoístas. Cada um é mais lindo que o outro! Alguns são Patrimônios Mundiais da UNESCO, e com certeza valem a pena visitar:

Fushimi Inari Taisha

Mercado Nishiki

Mercado Nishiki

O famoso mercado Nishiki fica fora da zona turística e vale muito a pena conhecer! Uma estrutura enorme, ele consiste de vários quarteirões de lojinhas vendendo tudo de hashis personalizados a chás a moluscos frescos. Até o meu marido gringo falou que o lembrou do Mercadão em São Paulo!

Ver as Cerejeiras

As cerejeiras são uma parte integral da cultura japonesa. Elas anunciam o início da primavera, e desaparecem com a mesma rapidez com que elas florescem. Na cultura japonesa, elas são uma metáfora da natureza transiente de todas as coisas. Mas não é porque elas duram pouco que deixamos de aproveitar quando elas aparecem! Parece que o país inteiro para quando as cerejeiras estão em flor, nem que seja só por um tempinho. O hanami é o costume de fazer piqueniques nos parques para ver as cerejeiras. Tanto Tóquio quanto Kyoto tem vários parques perfeitos para o hanami.

Matcha Matcha Matcha!

O consumo de matcha é muito antigo. Diferente do chá verde normal, o matcha consiste de folhas de chá verde pulverizadas. A suspensão do pó em água quente forma uma bebida cremosa e deliciosa! Eu comecei a tomar matcha ano passado, quando tentei (pela milésima vez) reduzir o meu consumo de café. Uma xícara de matcha tem aproximadamente metade da cafeína de uma xícara de café. Além disso, ele contem L-teanina, um composto químico que reduz a ansiedade e elimina aquele cansaço que bate algumas horas depois de tomar café. Como se não bastasse tudo isso, ele também tem mais de 100 vezes a quantidade de antioxidantes do chá verde normal, já que se consome a folha inteira.

Kyoto é conhecida pelo seu matcha de altíssima qualidade, e tem casas de chá que se especializam em matcha ha mais de 400 anos. É super fácil encontrar não só o chá como também várias sobremesas com sabor de matcha. O sorvete em casquinha da Marukyu Koyamaen foi uma delícia depois de uma longa caminhada! Também vale a pena comprar o pó de matcha para levar pra casa. Parece pouquinho, mas uma latinha de 30g dura bastante tempo.

 

Aprecie Arte Tradicional

Outra descoberta acidental foi uma galeria de arte no centro de Kyoto. Eles trabalham com artesãos de kimonos para criar telas absolutamente incríveis, e a preços bem acessíveis. A seleção é bem variada, de pequenas estampas a quadros enormes. Gostamos tanto da história e do estilo que acabamos comprando presentes para todos os nossos amigos lá! O dono é super prestativo, e fez questão de explicar os diferentes tipos de produção. Dissemos que iriamos levar todas as peças para os EUA para dar de presente, e ele e a mãe dele nos deram uns lindos envelopes em papel de arroz para embrulhar cada um! Adoramos encontrar presentes lindos, leves, e fáceis de transportar.

 

O Que Comer

Meu marido enfiou na cabeça que só ia comer ramen no Japão. No começo eu achei que ele estava brincando, mas depois descobri que ele estava falando sério—muito sério. Então, começamos nossa aventura para achar o melhor ramen! E olha… acho que eu achei em Kyoto.

Eu tenho uma certa filosofia para comer quando viajo. Por mais fresca que eu seja, quero conhecer os pratos autênticos e comer onde os locais comem. Por isso, sigo algumas regras para escolher restaurantes quando viajo:

Um dos mil ramen que comemos em Kyoto

Em Kyoto não foi diferente! Encontramos um restaurante de ramen com avaliações incríveis, mas como ele fica em Gion, a parte mais turística da cidade, a fila para jantar dava a volta no quarteirão. Não obrigada! Os melhores restaurantes que encontramos foram fora das partes turísticas. Comi o melhor ramen da minha vida num restaurante escondido por trás das máquina de vendas, chamado Gouriki. Depois de pegar o nosso pedido, o garçom nos sentou numa mesa que tinha uma chapa elétrica no meio e nos disse para não comer todo o ramen. Tínhamos que avisar ele quando faltava uns 10-20% do prato, mas não sabíamos porque. Mal sabíamos nós que ele iria voltar com uma cumbuca de ferro com arroz fresquinho, colocar ela na chapa elétrica e misturar com o resto do molho do ramen e um ovo, criando uma mistura cremosa e de dar água na boca! Foi praticamente uma segunda refeição surpresa, e com certeza um dos melhores pratos que eu ja comi.

 

Espero que essas dicas sejam úteis! Você já foi pra Kyoto? O que achou? Compartilhe as suas dicas nos comentários!

 

Stay curious,
Nati

 

 

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