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Desentulhando a Vida: Criando Espaço para o que Realmente Importa

Desentulhando a vida

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Já repararam que desentulhar virou tendência? Aonde quer que eu vá, eu ouço ou leio algo sobre o assunto. Do método Marie Kondo às tendências do design minimalista, parece que estamos começando a questionar a cultura altamente consumista, e ter um diálogo interno sobre o valor das coisas vs. o valor de ter espaço—seja ele físico, emocional, ou até digital.

Tenho pensado bastante nesse tema ultimamente, e mais ainda depois de ler o livro “A Sutil Arte de Ligar o F*da-se” de Mark Manson. Se você ainda não leu, vale muito a pena! Ele é super rápido de ler, e eu adorei o estilo brutalmente honesto do autor. O conceito principal do livro é saber priorizar o que importa e ligar o f*da-se pra todo o resto. Ele realmente me fez reavaliar várias partes da minha vida, e ver se eu estava priorizando de verdade as coisas que são mais importantes pra mim.

Confesso que esse post é mais aspiracional do que outra coisa, rs. Quem me dera ser uma mega expert em organização, minimalista, saudável, e plena! A verdade é que eu sempre fui meio bagunceira, e estou aprendendo a ser mais organizada e regrada com o que eu compro/acumulo. Depois de ler “A Sutil Arte de Ligar o F*da-se” umas duas semanas atrás, reparei uma vontade de me livrar de um monte de coisas, e então quero dar um pause pra conversar com vocês sobre os tipos de espaço que eu estou querendo abrir.

 

Entulho Físico:

O entulho físico é o mais óbvio, e todo mundo tem um pouco (ou muito). Pra mim, o entulho que eu tenho tende a se enquadrar nas seguintes categorias:

  • Coleções de algo, que eu geralmente não vou mais usar (por exemplo: revistas)
  • Roupas ou produtos extremamente específicos
  • Recordações de viagens/experiências (moedas, ingressos, etc)

Posso não ser uma expert de organização, mas eu sou uma expert em dar *aquela* organizada na casa quando alguém vai ficar com a gente. Em meia hora a casa se transforma, e por mais que isso sempre aconteça, eu sempre me surpreendo com o quanto a minha ansiedade baixa quando está tudo organizadinho.

Minha vida inteira, se eu tinha alguma dúvida se eu iria usar algo de novo, eu guardava. Aquela bendita mentalidade do “vai que, né?” De uns tempos pra cá, eu não tenho mais paciência pra isso. Se eu não tenho certeza de que eu vou usar algo de novo, eu reciclo ou doo. No caso de recordações, estou tentando criar um sistema pra guardar lembranças de viagens de uma maneira mais bacana e organizada. Em Seoul, encontrei um álbum especificamente para passagens aéreas, ingressos, etc. Isso já fez uma boa diferença!

Também tenho olhado o meu guarda-roupa com um olhar mais crítico. Estou tirando várias peças que eu não uso com frequência por não gostar do corte, da cor, ou de alguma outra coisa. Afinal, qual é a utilidade de ter um guarda-roupa cheio de peças que não nos motivam ou que não reflitam a nossa personalidade?

 

Entulho Emocional:

Essa é a categoria mais perigosa de entulho! Que fique bem claro que entulho e trauma são coisas completamente diferentes. Entulho, por definição, é algo em excesso, desnecessário, que atrapalha, e que ocupa espaço sem agregar valor.

Uma das partes do livro “A Sutil Arte de Ligar o F*da-se” que mais ficou comigo é que não é possível a gente se importar com tudo ao mesmo tempo, e que se importar com coisas sem consequência te impede de se importar de verdade com aquilo que é realmente importante. Assim por alto é claro que faz sentido, mas na prática é difícil aplicar esse conceito! Aquele comentário negativo que alguém fez no trabalho, aquele desconhecido que foi grosso com você no supermercado, aquele email que talvez você poderia ter respondido melhor… Essas coisas pequenas se acumulam e ocupam muito espaço!

Não sei se existe uma solução permanente pra se livrar disso, mas o que eu estou tentando é: cada vez que um desses pensamentos aparece, eu conscientemente tento colocar aquele episódio em perspectiva. Será que essa coisa que está me incomodando realmente faz uma diferença nas coisas importantes? Será que ela afeta a minha trajetória e bem-estar em casa/no trabalho/no meu casamento/etc.? Se sim, eu tento pensar em como resolver de uma maneira produtiva. Caso contrário, se foi algo que já passou, eu me pergunto o que que eu posso aprender com essa situação, e bola pra frente.

Não é fácil! Ainda mais quando você está tentando dormir e você se lembra de uma coisa que aconteceu anos atrás, ou alguma besteira que realmente te incomoda… Claro que vale a pena se perguntar o porquê disso te incomodar—ir mais afundo e talvez perceber algum padrão. Mas o que não é construtivo é ser o seu pior crítico e pensar mal de si mesmo por algo que já passou.

Outras ferramentas importantes para lidar com o entulho emocional:

  • Terapia: a melhor ferramenta de todos os tempos! Eu creio 100% de que todo mundo beneficiaria de um pouco de terapia. Ela te permite se abrir, avaliar uma situação com uma nova perspectiva, e aprender muito sobre si mesmo.
  • Auto-reflexão: eu acho que muito do nosso entulho emocional vem do fato de não nos darmos tempo o suficiente para refletir. Nesse mundo corrido em que tem tanta coisa competindo pela nossa atenção, é ainda mais importante dar valor ao nosso tempo, e intencionalmente dedicar tempo a nós mesmos. Pode ser no chuveiro, no trânsito, na cama de manhã ou antes de dormir… é importante focarmos em não só consumir informação/conteúdo mas refletir sobre as nossas intuições, opiniões, e emoções. Isso me leva ao próximo tipo de entulho:

 

Entulho digital:

Hoje em dia é possível estar conectado com o resto do mundo 100% do tempo. Por um lado, isso é maravilhoso! Eu trabalho em relações internacionais, então pra mim a oportunidade de me comunicar com pessoas na América Latina, na Europa, ou na Ásia a qualquer hora do dia é fundamental—além de ser super bacana. Também amo porque fica muito mais fácil conversar com a minha família e amigos ao redor do mundo, o que faz morar longe um pouquiiinho mais fácil.

Ao mesmo tempo, a tecnologia foi tomando conta do nosso tempo. A gente checa o telefone no farol vermelho, esperando o elevador chegar, enquanto o cafézinho não vem… É como se não soubéssemos preencher pequenos momentos com nossos próprios pensamentos. Eu sou super culpada disso! É quase involuntário—se tenho um tempinho entre uma coisa e outra, opa! Vou dar aquela olhadinha no Instagram. Mas tenho começado a reparar mais nisso, e resistir aquele impulso de dar uma checada no telefone.

Também tenho começado a me livrar de muito entulho digital, que existe em vários formatos:

  • Aplicativos: Dê uma editada no seu telefone. Você usa mesmo todos os aplicativos no seu telefone? Você recebe notificações de aplicativos que não usa há um tempão? Não deixe isso ocupar espaço no seu telefone ou na sua mente.
  • Emails: Quantas newsletters você apaga antes mesmo de abrir? Estou retirando o meu email de várias newsletters e das listas de várias marcas—mesmo de marcas que eu até curto, mas que não quero perder meu tempo ouvindo de promoções, novas coleções, etc.
  • Redes Sociais: As nossas redes sociais refletem os nossos interesses e as nossas prioridades. Isso se aplica tanto às pessoas que nós seguimos quanto o conteúdo que a gente posta! Pra que seguir aquela pessoa que você não vê há anos e que só posta besteira? Se você não quiser apagar a pessoa ou deixar de seguir, dê um mute e seja feliz.
  • Notícias: Ta aí uma área que acho que muita gente ignora, mas que eu acho muito importante! Eu moro nos EUA, onde de uns três anos pra cá parece que tem uma notícia nova e maluca a cada cinco minutos. É muito fácil se deixar ser sugada por tudo isso e ler cada artigo sobre cada detalhe novo. No começo foi até interessante, e aprendi muito sobre o sistema político daqui. Mas eventualmente eu decidi que precisava encontrar um equilibrio entre me manter informada e saber de todos os detalhes de todas as notícias. Hoje eu leio muito menos notícias, focando em fontes altamente confiáveis.

 

O tema recorrente em todas essas categorias é que o nosso tempo é incrivelmente valioso, e que não vale a pena desperdiçá-lo com objetos, lembranças, posts, e notícias que não agregam valor na nossa vida. Estou animada pra continuar essa curadoria em vários aspectos diferentes do meu dia! E você, tem prestado atenção nisso também? Quais são as suas dicas pra desentulhar?

 

Stay curious,
Nati

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